terça-feira, 10 de maio de 2016



O brasileiro é um povo (dis)cordial

Sergio Buarque de Hollanda que me perdoe a ousadia, é que dessas Raízes não restam flor, nem talo. Há sempre o que cuidar quando lidamos com clichês, principalmente estes com os quais nos acostumamos como massagem no ego colonizado, pintado em verde e amarelo de uma cordialidade capaz de elevar o brasileiro a um exemplo para o mundo civilizado. Mas excesso de simpatia pode ser camuflagem, assim como excesso de religião pode gerar ódio!

Ao apreciador desse quadro, resta a triste constatação de que o extremismo Grego e Húngaro, o Pegida alemão, a chegada de Trump às finais nos EUA, as resistências à chegada de refugiados ou imigrantes, não são diferentes das tendências conservadoras que por aqui ganham força. Assim como no mundo, há um indiscutível crescimento da extrema direita conservadora no Brasil, provado pelo fato de que pastores evangélicos com visão obtusa acerca da diversidade estão entre os candidatos mais votados nas últimas eleições, ou ainda, por uma figura como Jair Bolsonaro, apologista do ódio e do desrespeito às minorias, obter a exorbitante quantia de 3.042.968 curtidas em uma página no Facebook (acesso em 09/05/16).

Fato é que, após as manifestações de 2013, o conservadorismo de extrema direita ganhou uma multidão fascista, frente a uma esquerda desarticulada para oferecer resistência - e na jovem história do Brasil, infelizmente, a pseudo ameaça comunista que legitima o fascismo brasileiro nunca esteve tão forte desde 64. Esse fascismo traz um senso de justiça estimulado pela mídia, ora representado por uma religiosidade fanática, ora por justiceiros acima da lei e suas polícias violentas, ora por uma elite que em defesa de seus privilégios utiliza-se de bandeiras como a do combate à corrupção, sob articulações antidemocráticas. Tais estímulos ecoam intolerância pelos diversos segmentos da sociedade, desde a pediatra que se recusa a examinar uma criança até pessoas que amarram um menino a um poste.

Se para Hegel, dialética é uma forma de pensar a realidade em permanente mudança por meio de termos contrários que dão origem a um terceiro conciliador, reconhecer o ódio e abrir mão do estereótipo de cordialidade perene é vital para o futuro desse país. A partir daí, que as resistências cresçam e se organizem em nome da justiça social!

 

 

 



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